OS ORIXÁS


A concepção da origem dos orixás não é a mesma em todos os cultos de UMBANDA. Assim, por exemplo, para os Yorubás ou Nagôs, o culto dos orixás bacuros não é exatamente o das Forças da Natureza. Pensam eles que a maioria dos orixás era, em sua origem, Seres Humanos privilegiados que possuiam poderes sobre as forças da natureza e que ao invés de morrer, se transformaram em pedras, rios, árvores ou lagoas.

Daí a grande quantidade de lendas Nagôs sobre a vida humana dos orixás, à semelhança das figuras da mitologia grega e romana. Os orixás deixaram descendentes diretos, os quais, continuam o culto dos seus antepassados divinizados.

Nota-se, entretanto, que a tese Nagô de Seres Privilegiados, porém, Humanos, que controlavam as forças da natureza, concorda singularmente com a teoria filosófica da existência anterior de homens que dispunham de domínios sobre os elementos naturais. É a hipótese da descendência da humanidade atual, que sucedeu a outra incomparavelmente mais forte sob o ponto de vista espiritual.

Nós, todavia, acreditamos firmemente que os orixás são imateriais, são espíritos de Luz que nunca se encarnaram em seres humanos, que nunca tiveram existência terrena e que manifestam mediante "APARELHOS" de sua escolha, isto é "filhos de santo".
 
 
Tratado da Semana de Culto

Segunda-feira .......................................OMOLÚ
Terça-feira..................................................NANÃ
Quarta-feira................................IANSAN e XANGÔ
Quinta-feira..................................OXÓSSI E OGUN
 Sexta-feira.....................................................OXALÁ
Sábado........................................YEMANJÁ e OXUN

 
Há muitas lendas sobre os orixás, emprestando-lhes paixões humanas. Mas os orixás são espíritos angélicos, que nunca encarnaram.

OXALÁ - Oxalá é o OBATALÁ, da trindade primitiva. Chamam-no OLISSASSA, em GÊGE. OXALÁ é denominação nagô. Em alguns o invocam ora como ORIXA-BABÁ (Santo Pai), ora como BABÁ-ÓKÉ (Grande Pai). Em Angola: CASSUMBECÁ. Alguns dizem: CASSUTE (chefe, cabeça menor).

OLORÚN - O Senhor Supremo, DEUS, em nagô. Em Angola: ZÂMBI; em CONGO: ZÂMBI-AMPONGO.

BESSÉN - Denominação gêge de OXÚN-MARÊ.

OSSÃE - Divindade da folha. Corresponde ao caipora (Tupi) - que só tem uma perna. OSSÃE nunca se manifesta.

IRÔCO - Divindade da árvore. Diz-se que Irôco aparece à noite, num bambuzeiro, aumentando e diminuindo de tamanho. Dá consultas, prevê o futuro e diz o que deve ser feito. Faz-se cerimônia no pé de Loco, que é a gameleira branca.

XANGÔ - Quando o ORIXÁ baixa no terreiro todos os presentes se curvam, estendem as mãos para o chão e exclamam: "CAÔ, CABECILHE" cuja tradução é a seguinte: "Olhamos e curvamos a cabeça".

IFÁ - É da Trindade Divina de Umbanda. Corresponde ao Espírito Santo. É representado por dois vasos contendo cada um 16 frutos de DENDÊ que apresentem somente 4 olhos ou sinais dos orifícios.
O Babalaô sacode os frutos nas mãos, de um lado para outro. Os frutos vão caindo, um a um. À medida que caem, o Babalaô vai traduzindo o que significam e no fim, resume a profecia do IFÁ. As mulheres não podem trabalhar com os IFÁS, mas somente com o jogo de búzios.

EXU - Denominação nagô do agente mágico Universal. Chama-se ALUVAIÁ em Angola. Em Kêtu: EMBARABÔ. Em Congo: BAMBONJIRA. Em Gêge: LEGBÁ. O sincretismo Gêge-Angola deu os seguinte pontos de EXU

IANSAN - Iansan é orixá de força espiritual para as tempestades e os caos sentimentais. É muito procurada. Uma pedra de IANSÃ que cura - a IAGONGO. Basta aplicá-la na região afetada do doente.

 

ORIXÁS DE NAGÔ, DO GÊGE E DO CONGO.
"Orixás": na concepção nagô: os Orixás são imateriais, são forças que só podem se manifestar e expressar através de certos seres de sua escolha, os IAÔS, os "Filhos de Santo".

EXU
Chamado familiarmente "O Compadre". Mensageiro dos outros orixás, malévalo e fácilmente irritável. É simbolizado por um montículo de terra no qual estão fincados ferros, lanças e tridentes. Devido ao seu caráter e suas condições de mensageiro dos outros Orixás, para assegurar suas boas graças, recebe os sacrifícios antes que ninguém.

É erradamente sincretizado com o diabo, pois EXU, convenientemente tratado, trabalha para o bem. Suas contas são pretas e vermelhas. Seu dia, segunda-feira. Gosta de receber sacrifícios de bode e galos preferentemente pretos. Devido ao seu sincretismo com o diabo, raramente se manifesta abertamente numa filha de santo.

OGUN
Divindade de Ferro, dos ferreiros, dos guerreiros, dos agricultores e de todos os que trabalham ou utilizam o ferro. Manifesta-se geralmente como guerreiro. Simbolizado por ferramentas de 7, 14, 16 ou 21 peças. Sincretizado com Santo Antônio. Suas contas são azul-escuras. Seu dia é Terça-Feira. Gosta de Feijoada e Inhame assado com azeite. É irmão de EXU e OXOSSI. Dança com espada, fazendo mímicas guerreiras e de embate. Saúda-se gritando ogum-yê!

OXÓSSI
Divindade dos caçadores . É simbolizado por arco e flexa. Sincretizado com São Jorge. Suas contas são verdes. Seu dia é quinta-feira. Gosta de axexê, milho cozido com fatia de côco. Dança com arco e flecha numa mão e na outra ERUKE (espécie de espanador feito de rabo de boi). Sua dança é a mímica de uma caçada. Saúda-se gritando: OKE!

INLÊ
Há outra espécie de Oxossi, chamado de IBUALAMA ou INLÊ, casado com Oxun. Dança com um amparo de três pernas em cada mão e com eles se castiga.

LOGUNÊDÊ
Filho de INLÊ e de Oxun. Simbolizado por seixas do rio. Sincretizado com Santo Expedito. Suas contas são verde-amareladas, seu dia é quinta-feira.

Este orixá tem a particularidade de ser durante seis meses homem, comer cajue e ser caçador e, durante seis meses mulher, viver nas águas e comer peixe. Saúda-se gritando: LOGUN!

AGUÊ
Forma de Oxóssi de uma nação vizinha aos Nagôs e que se encontra nos candomblés Gêges. Este Oxóssi vive perpétuamente nas matas e por isso é o intermediário de OSSAIN, a divindade Nagô das folhas, que nunca se manifesta em iaôs. É filha de MANU e LISSA (OXALÁ).

OMOLU OU ABALUAIÊ
Divindade da bexiga e das doenças. Sincretizado com São Lázaro ou São Roque. Suas contas são vermelhas e pretas ou pretas e brancas. Seu dia é segunda-feira. Gosta de pipocas e de aberém, massa de milho branco assado em folhas de bananeiras. Dança no ritmo denominado OPONGÉ, o rosto e o corpo coberto de palhas e o XAXARA, lança e gancho na mão. Sua dança é a mímica dos sofrimentos, das doenças, convulsões, coceiras, tremores de febre e do andar de corcundas deformados. Saúda-se gritando: ATÔTÔ.

NÃNÃ
Mãe de Omolú. A mais velha das divindades das águas. Sincretizada Santa Ana. Suas contas são brancas, vermelhas e azuis. Seu dia, a terça-feira. Gosta de caruru sem azeite, porém bem temperado. Dança com dignidade, levando EBIRI na mão. Saúda-se gritando: SALUBA!

OXUMARÉ
É o arco íris. Simbolizado por cobras de ferro. Sincretizado com São Bartolomeu. Suas contas são verdes e amarelas. Seu dia, a terça-feira. Gosta de Suguru e de feijão com milho, cebola, azeite e camarão. Dança mostrando o céu e a terra, levando nas mãos as cobras de ferro. Saúda-se gritando: AO BOI-BOI!

XANGÔ
Divindade do trovão e do raio. Simbolizado pela "Pedra do Raio", machados de pedra e o OCHÊ (Machado duplo). Sincretizado com São Jerônimo. Suas contas são brancas e vermelhas. Seu dia, a quarta-feira. Gosta de analá (caruru). Sacrificam-se em sua homenagem carneiros, galos e gados. Dança com dignidade viril e guerreira, pois era Rei dos YORUBÁS. Saúda-se gritando KAVO KABIESILE.

Há outras qualidades de Xangô: AIRA, que veste de branco e não come azeite, por ter um pacto com OXALÁ, e OGODÔ, que dança com um oche em cada mão.

DADÁ
Irmão mais velho de XangÔ. Cultua-se com o ADÉ DE BANHANI ou CORÃO DE DADÁ.

YANSÃ OU OYÁ
Esposa de Xangô, divindade dos ventos, das tempestades e do rio NIGER. De temperamento forte, sensual e autoritário. É o único orixá capaz de enfrentar EGUNS ou espíritos de mortos. Sincretizada com Santa Bárbara. Suas contas são roxas. Seu dia, a quarta-feira. Gosta de acarajé e não suporta abóbora. Sacrificam-se, em sua homenagem, cobras. Dança agitando os braços como que enxotando almas com alfange e um ERUXIN de rabo de cavalo. Saúda-se gritando: EPA HEI!

OXUN
Segunda mulher de Xangô, Divindade do rio OXUN, faceira e vaidosa. Simbolizada por seixas do rio, pulseiras de metal e ABEBÉ. Sincretizada com Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora Aparecida. Suas contas são amarelo ouro. Seu dia, o sábado. Gosta de mulucu, feito de cebola, feijão fradinho, sal e camarão e de adum, feito de fubá de milho com mel de abelhas e azeite de cheiro e peté, inhame com camarão e cebola. Dança com abebé na mão, fazendo mímicas de quem se banha no rio, penteia os cabelos, alisa as faces, põe colares e pulseiras, olha-se no espelho e sacode os braceletes que lhe enchem os braços. Saúda-se gritando: ORA YE YEÔ!

OBÁ
Terceira mulher de Xangô. Divindade do Rio OBÁ. Desce raramente e nesse caso briga com OXUN, porque, conforme a lenda, foi induzida malignamente por ela a cortar uma das suas próprias orelhas e a cozinhá-la com os alimentos de XANGÔ a fim de aumentar o seu amor, tendo, ao invés, grangeado o seu repúdio.

YEMANJÁ
Divindade do mar e da água doce. É mãe das outras orixás. Simbolizada por pedras marinhas e conchas. Sincretizada com Nossa Senhora da Conceição. Seu dia é o sábado. Suas contas são transparentes como o cristal. Gosta de ebó de milho branco com azeite, cebola e sal. Dança com abebé na mão com movimentos interpretativos das águas. Saúda-se gritando: ODOIÁ!

OXALÁ
Divindade da procriação. O Grande Orixá é simbolizado por pedacinhos de marfim dentro de um anel de chumbo. Sincretizado com Nosso Senhor do Bonfim. Seu dia é sexta-feira. Suas contas são brancas. Gosta de comida branca, acossá, ebó de milho sem azeite nem sal, que lhe são proibidos, ori (limo da costa) com água. Sacrificam-se-lhe animais brancos, catassol e conquém.

Em forma de OXALUFÁN dança curvado como um velho alquebrado, corcunda, apoiando-se num cajado de metal branco, cuja extremidade superior termina em forma de pássaro.

Em sua forma de OXAGUIAN é um guerreiro vestido de branco que leva espada e escudo e uma mão de pilão amarrada à cintura. Saúda-se gritando: EPA BABAEI! e EKÉ HÉ!

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